São flores, as pedras no meu caminho

Que transformo em alpondras

E conduzem-me às veredas do passado

Num turbilhão de recordações,

Relembro que são certas as palavras

Que cercam o meu nome

Mas que escrevo em letras minúsculas

Porque o tempo as reduziu,

E as camélias orvalhadas

De fronte da minha janela

Atapeteiam o meu caminho

Mas o dia amanheceu cedo

E tem um entardecer de silêncios

Que ficam por contar,

Tenho as minhas mãos vazias de mim

Mas pétalas de “amores perfeitos”

Coloridos como o sol nascente

E lírios roxos do meu jardim secreto

Enchem minhas mãos

Como um buquê primaveril,

Porque correm em minhas veias

Os rios que galgam as margens

Onde sonhos ficaram escondidos,

Pedi ao mundo um minuto de silêncio

E sobre as sombras da madressilva

Gaivotas murmuram segredos

E ajudam-me a escrever

Mesmo que a medo

Um parágrafo

De um velho poema

Que estava por terminar,

Bato à porta da primavera duas vezes

E a Primavera veio para ficar.

 

António Silva

Março de 2023

Foto/Pinterest

António Silva

António Silva

Poeta

Eu me chamo António Silva. Sou português e da província do Baixo Alentejo. Gosto muito de pintar e escrever poesia.

Meus poemas são pequenas pinturas coloridas. Cada tela que pinto é um poema colorido. E meus poemas são pinturas que retratam pedaços da minha vida. Recordações de infância que ficaram gravadas em meu coração. Eu gosto de colorir a vida com meus poemas e minhas pinturas. Assim a vida é mais fácil e mais bonita. Pinto e escrevo, como se ainda eu fosse uma criança.

Pois por dentro, eu não mudei, sou uma criança que tem um corpo de adulto.

Emigrante

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