Num mundo que desejaríamos repartido com igualdade por todos os humanos, assistimos ao exaltar da realeza, faustosa e riquíssima, em abismal contraste com a pobreza miserável e esfomeada.

O fosso entre ricos e pobres é cada dia maior, sem que as sociedades procurem ser mais justas e equilibradas.

O que mais me surpreende é a forma como os pobres adoram os ricos, tratando-os como “deuses”, com direitos e regalias que ninguém contesta.

Num mundo que se desejaria democrático, não consigo compreender qual o papel social das casas reais existentes na Europa. Famílias que acumularam riqueza ao longo dos séculos, à custa da exploração do seu semelhante, gente que nunca soube o que era “o pão que o diabo amassou”, desconhecedora dos problemas da maioria dos povos, que continua vivendo faustosamente, sendo notícia nos jornais, pelas roupas que veste, pelas jóias com que se adorna, pelos luxos que a rodeia, pelos milhões acumulados, pelos carros em que viaja.

pobre

Só não ouvimos falar dos criados que servem essa burguesia e realeza. Esses têm que se manter calados para continuarem a receber o salário, aparentemente alheios aos luxos e devaneios, às extravagâncias dos seus excelentíssimos patrões e senhores.

Acho despropositadas certas atitudes e regalias antigas, das monarquias ainda existentes, em pleno século XXI, quando tanta gente não tem o mínimo indispensável para viver.

E a verdade é que todo o mundo se verga perante o fausto, a riqueza, o passado dessas famílias, passado cheio, quantas vezes, de injustiças, de vícios depravados, que fica encoberto pelos diamantes preciosos da coroa real, alguns contestados por quem os considera serem sua propriedade, pelos mantos bordados a ouro, pelo ceptro, sinal de poder soberano, simbolicamente considerado o portador das forças divinas, além de um tributo dos deuses.

Mais ainda! Ninguém tem força para contestar ou denunciar os gastos exorbitantes das casas reais, que por vezes são uma sobrecarga para o poder político instalado, que as alimenta e a quem dá grandes privilégios, não cobrando impostos como aos outros cidadãos, sendo considerados, em alguns casos, quase com poderes “divinos”, porque até as igrejas dominam, como acontece em Inglaterra.

Tudo me parece demasiado ridículo e extravagante para ser tão “badalado” nas redes sociais. Todos os gestos, todos os vestidos ou sapatos que a realeza usa, enchem páginas de jornais, alimentam as ilusões de grandeza de gente que ainda acredita em milagres de príncipes e princesas, quando eles têm, tantas vezes, “pés de barro”, são frágeis, ignorantes, maldosos, arrogantes e presunçosos, possuidores dos defeitos comuns a qualquer mortal.

Os príncipes e princesas deste mundo são ainda uma fonte de ilusão e fantasia para crianças e adultos que os idolatram e se comovem quando lhes tocam, quando se sentem “estrelas”, porque deram um beijo ao rei!

Os dias cansativos vividos, após a morte da rainha de Inglaterra, mostraram-nos um mundo de futilidades, não tendo sido realçado um gesto de solidariedade para com ninguém. Pelo menos, que eu me tivesse apercebido. O meu sonho de ser rainha foi apenas o de entrar nos corações de quem amo e me ama, dando-lhes o melhor que em mim existe, a ternura e a compreensão. O resto é apenas ilusório e passageiro.

Graça Foles Amiguinho

Graça Foles Amiguinho

Colaboradora Portuguesa

“Son Maria de Graça Foles Amiguinho Barros. Vivo en Vila nova de Gaia, pero nascín no Alentejo, nunha aldeia pequena chamada A Flor do Alto Alentejo.

Estudei en Elva. Fiz maxisterio en Portoalegre. Minha vida foi adicada ao ensino durante 32 anos, aos meus alumnos ensineilles a amar as letras, o país, as artes e a cultura. 

Meu começo coa poesia aconteceu de xeito dramático cando partin os dous braços, en 2004 comecei a escribir poesia compulsivamente, en 2005 xa tiña o primero libro editado  O meu sentir…”

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