Eu venho de muito longe

Percorri léguas e léguas

Eu vim de um tempo

Onde eu perdi o meu lugar

Foi longo o caminho

E os imprevistos que ocorreram

Deixei que a noite me adormecesse,

E usei um travesseiro

Onde a saudade

Fazia-me chorar com as lembranças,

Vim de um tempo quando as algemas

Não me deixavam escrever

Nem ler

Os versos com que eu queria

E eu parti

Me despedi

Para não mais voltar,

Apenas uma mala de viagem

Da cor das papoilas vermelhas

Minhas roupas gastas

E já velhas,

Levei cadernos

Para escrever meus versos

De tamanhos diversos

Como se fossem conchas

Trazidas pelas marés

Que o luar trazia até mim,

E numa noite desmaiada

Quando a lua se perdeu

Nem tive por companhia

As estrelas que eu já conhecia,

E a noite abraçou-me

Até que chegasse a aurora

E eu naufraguei nas minhas sílabas

E escrevi meus versos

Com a lembrança dourada

Da velha madrugada

Que eu já conhecia

Do outro lugar a que eu pertencia,

Foram muitas as distâncias que eu percorri

Léguas e léguas

E sozinho cheguei aqui

Pelas veredas ladeadas de saudade

E ao meu lugar

Não posso mais regressar.

 

António Silva

Setembro de 2022

António Silva

António Silva

Poeta

Eu me chamo António Silva. Sou português e da província do Baixo Alentejo. Gosto muito de pintar e escrever poesia.

Meus poemas são pequenas pinturas coloridas. Cada tela que pinto é um poema colorido. E meus poemas são pinturas que retratam pedaços da minha vida. Recordações de infância que ficaram gravadas em meu coração. Eu gosto de colorir a vida com meus poemas e minhas pinturas. Assim a vida é mais fácil e mais bonita. Pinto e escrevo, como se ainda eu fosse uma criança.

Pois por dentro, eu não mudei, sou uma criança que tem um corpo de adulto.

Roseira velha roseira

máis artigos

♥♥♥ síguenos ♥♥♥