Deixaste comigo um pouco do teu perfume

Quero que as manhãs deixem as tardes em silêncio

E que as ruas fiquem ensolaradas

Dentro de outros mundos inventados

Com as rosas do mês de Maio floridas

E as madressilvas perfumadas

E eu fique olhando o horizonte

Sobre a vida ao pé da tarde

Ao deixar crescer na minha vida, a saudade,

E que as sombras diminuam

E se tornem dias solarengos

As aves façam ninhos nas árvores frondosas

Eu com elas quero voar como se eu fosse criança

Enquanto vou aproveitando os ventos

Que vão mudando de lugar,

Porque as minhas memórias

São como pássaros que vão partindo

Enquanto gotas de orvalho regam as raízes

Em outras primaveras em outros lugares

E os valados floridos vão ganhando mais cor,

Vão os dias morrendo devagar nos canaviais da ilusão

E eu descanso sob um céu onde as estrelas choram

Que vão perdendo a cor das açucenas

E a noite se esconde nos becos onde morrem os dias

Em desejos de um tempo distante

Marcado por uma simples recordação de uma casa cheia

Onde os dias ainda tinham histórias para contar,

Mas onde os rios correm agora devagar

Num silêncio onde a mágoa vai fazendo-se tarde

Enquanto o trigo fica agora por colher

E vão ficando para trás as velhas marés,

O tempo segue sem rumo certo

Morrem alheias as palavras

Numa janela virada para um futuro incerto,

Perco-me nas palavras que escrevo

Na doçura do tempo das minhas memórias

Daqueles que passaram

E na minha vida deixaram várias histórias

Uns deixaram seu perfume que se foi perdendo no tempo

E outros ficaram, seu perfume deixaram

E ficaram para nunca mais terem de partir.

                                                          António Silva

Maio de 2024

António Silva

António Silva

Poeta

Eu me chamo António Silva. Sou português e da província do Baixo Alentejo. Gosto muito de pintar e escrever poesia.

Meus poemas são pequenas pinturas coloridas. Cada tela que pinto é um poema colorido. E meus poemas são pinturas que retratam pedaços da minha vida. Recordações de infância que ficaram gravadas em meu coração. Eu gosto de colorir a vida com meus poemas e minhas pinturas. Assim a vida é mais fácil e mais bonita. Pinto e escrevo, como se ainda eu fosse uma criança.

Pois por dentro, eu não mudei, sou uma criança que tem um corpo de adulto.

Guardo en min a tua primavera

Comi meu pão de côdea já dura

Nunca me despedi de ti

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