Domingos foi profesor de filosofía no IES Valle Inclán cando eu cheguei no ano 1986, fomos compañeiros ata a sua xubilación.
Naceu en Hermunde concelho de Pol (Lugo) o 21 de xaneiro de 1948, como o seu currículo é ben longo, deixo este enlace para velo e poder continuar a entrevista que el mesmo traduciu .
A respeito de desejar ser crego.
Nom o tenho muito claro, pois, analisado a dia de hoje, a figura do crego era a dum homem que vivia doutro modo: lia muito, visitava a cavalo às paróquias próximas, vestia-se de maneira diferente a tudos, dizia missa tudos os dias, fazia catecismo cada semana, predicava, congregava… Embora o dia de hoje nom é a vida de há mais de setenta anos e aquila aldeia nada tem que ver com a atual. Assim que nom posso extrapolar a visom de hoje para a dumha criança que imita e nom tem capacidade crítica. Sim, queria ser crego, e nom me perguntava o porquê.
A figura de Pierre Teilhard de Chardin.
Estudar Filosofia (cursos 6º, 7º e 8º) mudou a minha vida: debatia incessantemente nas aulas, participava em atividades de imprensa, questionava tudo mais e mais. E há umha figura da qual me lembro acima de tudo: o jesuíta Teilhard de Chardin. Recorda-se um pouco o seu pensamento no filme As sandálias do pescador na figura heterodoxa do padre David Telemond (por certo que Morris West, o autor da novela, foi um dos meus autores preferidos). Teilhard de Chardin foi um paleontólogo, um filósofo e um místico. Nom vou entrar na sua teoria evolutiva na que fai um percorrido desde Deus como ponto alfa até Deus como ponto ómega da criaçom com as seguintes etapas: cosmogênese, biogênese, antropogênese e cristogênese. O relevante é que em 1966 publicou-se um livro de Miquel Crusafont e outros: La evolución. E nele descobri a teoria evolutiva e a conexom ciência-filosofia-teologia em Teilhard.
Deixar o seminário por questons de fé.
Os motivos som sempre múltiplos, mas um destaca-se acima de tudo: o abandono lento e progressivo de crenças arraigadas desde a infância. Recordo que as minhas dúvidas e perplexidades em relaçom à fé acompanharam-me do quarto ano de Humanidades ao segundo ano de Teologia e mesmo após de me ausentar do seminário. Dúvidas constantes para as quais nom ofereceram respostas satifatórias.
“As minhas dúvidas e perplexidades em relaçom à fé acompanharam-me do quarto ano de Humanidades ao segundo ano de Teologia”
Na conversa sai o pensamento de Roger Garaudy.
É a minha tese de doutoramento, dirigida por José Manuel Bermudo Ávila, mestre e amigo que me fiz mergulhar a fundo no marxismo. Garaudy foi um estalinista (1945-1959), que do 59 ao 70 defende um humanismo marxista. Expulsado em 1970 do PCF formula umha alternativa à sociedade atual (1970-1982) desde os novos movimentos sociais, as teologias do Terceiro Mundo… A partir de 1982 integra-se na comunidade musulmana mas sem renunciar aos postulados anteriores e em luta contra a dependência e os integrismos e na procura dum diálogo de civilizaçons. Com O Capital de Marx numha mão e o Alcorão na outra
Aos sesenta anos deixa o liceu, mas nom o ensino.
Como se pode olhar no curriculum vitae deixar o liceu nom vai ligado com deixar o ensino. Sempre gostei de ensinar e aprender, endejamais de qualificar e deixar de o fazer foi umha grande libertaçom.
Sobre a juventude de hoje.
Quase telegraficamente com o risco que isso acarreta: estám pouco formados ideologicamente, muito escorados às questons identitárias, digamos eufemisticamente que som pouco lutadores, sem trabalho ou com empregos precários, consumistas, bastantes emigrados e, em quanto à mulher, nom acaba de se libertar do papel tradicional: limpeza e cuidados… Com certeza que ser empregados de mesa nom escapa dissa utilizaçom abusiva. E um longo et cetera.
Preocupado pola sociedade atual consumista.
Debate-se cada vez mais como colapsar milhor num mundo globalizado – de o querer glocalizado -, por motivo de umha crise ecológica global e um consumismo devorador do planeta. Embora nom desejo ser pesimista passivo, nem fatalista. Tento ser anti-capitalista e a minha proposta é como a um dos meus grandes amigos, o sociólogo Michael Löwy, o ecosocialismo, para quebrar issa lógica produtivista, ecocida e perversa da acumulaçom do capital.
Programas de radio e TV frequentados.
Nom gosto de responder a isso e nom tenho programas de preferência, embora talvez o canal 24 horas e Rádio 5 (quando vou no carro), assim mesmo a SER no início da manhá. Zapeo bastante e estou ciente de certos programas de quatro, a sexta, a galega, et cetera. Olho muitos filmes de TreceTV… Nom tenho nengum canal de pagamento.
Qual é o livro favorito?
Teria que dizer que a minha preocupaçom por Marx e o marxismo implicaria que o livro nuclear é O Capital de Karl Marx, mas nom seria objetivo de tudo. Li muito limitado polas circunstâncias (para preparar as Semanas Galegas de Filosofia, para cursos e conferências, et cetera). Muitas leituras de conjuntura. Nom vou fazer mençons a nível galego (seria muito alargado, e nada doado, por mais que for injusto nom o fazer) mas sim de vultos nom galegos que influírom no meu modo de olhar (e por descontado de leituras que fiz) e ainda assim vam ficar fora bastantes outros : os dous supramencionados (Bermudo e Löwy) e os meus também grandes amigos Adolfo Sánchez Vázquez e Georges Labica. Ista é a resposta mais desconfortável, porque nom estám nomes e publicaçons que fórom para mim fulcrais.
Algum filme.
Sem o duvidar A grande beleza, protagonizada magistralmente por Toni Servillo, e como issa beleza pode achar-se através do vazadoiro da banalidade nocturna dumha pequena burguesia parasitária e decadente. Por descontado que tudas as de Wody Allen. Acostumo a ir aos Cines Norte em Vigo, jà que sempre oferecem algum filme nom usual e menos vinculado com o cine “comercial.”
Que lhe pedirias ao alcalde?
Nom sei se é factível. Muito breve: na vez de dar ajudas a quem pratica a caridade, ocupar-se de sacar as pessoas da miséria… Nom tem de haver caridade, aliás justiça.
Algum restaurante ou cafetaria favorito.
Mesmo iste onde estamos (Bloom), embora nom quero sinalar mais nomes, já que deixaria de fora muitos que nom o merecem. Tenho um vínculo especial com a restauraçom de El Cafetín e com os terraços de O Carabela e o Blanco y Negro… E já falhei no que disse um pouco antes: nom sinalar.
A respeito de viajar.
Levo tempo sem o fazer, mas som muito de balneários que che permetem fazer os tratamentos de manhá e ter as tardes livres para conhecer cidades e povos da contorna.
Algum sonho por cumprir.
Seguir com saúde para fazer o que estou a fazer: ler, escrever, pensar…, ser crítico.
Algumha recomendaçom para mim que acabo de me jubilar.
Um júbilo, alegria, que nom consista em matar o tempo, em deixar que os dias passarem. E, o da pergunta anterior: ler, escrever, pensar…, ser crítica… Tudo aquilo que faga que o teu cérebro, unido ao corpo e ao mundo nom se murche como um figo passo.
Grazas Domingos por esta inusual e á vez frutífera historia de vida
Ana Santos Solla
Profesora de E.F.
Son Ana Santos, nacín en Pontevedra no ano 1960, a miña infancia estivo moi ligada a Santa María de Xeve, a terra da miña nai, son a terceira de 8 irmáns, a maior das mozas, a máis vella como me dicían de pequena. Sempre me gustou o deporte e estudei INEF en Madrid, estiven 34 anos no IES Valle Inclán impartindo Educación Física alí foi onde coñecín ao resto dos meus compañeiros que agora me acompañan neste proxecto. Decidín xubilarme para dar un novo rumbo á miña vida e levar a cabo este tipo de iniciativas como @devellabella ue pretende que o envellecemento activo convértase en embelecemento persoal e poder achegar a miña experiencia nesta etapa da vida.
Nós os maiores aínda temos moita guerra que dar, espero que este blogue motívevos a querer colaborar connosco.
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