Na contagem decrescente dos dias, nada me inquieta, nem me tira o sono.

O tempo vivido foi pleno e nada do que passei me traz arrependimento.

Hoje, as recordações, sem lágrimas ou ressentimentos, são a força dinamizadora das minhas atitudes, do meu desejo de tornar este mundo melhor, de animar quem não encontrou a paz merecida, de acarinhar quem sofre as dores da doença, de desejar dias de paz e bem-aventuranças para os que sofrem a desdita de uma guerra, passando por privações.

Sou feliz com o pouco que tenho, não ambiciono riquezas ou grandezas. Bastam-me os sonhos e o que vou concretizando, dentro do pequeno mundo que me rodeia.

A velhice, cada vez mais abrangente em todo o mundo, nem sempre é olhada com o respeito que merece.

Surgem sempre, no meu espírito, algumas interrogações sobre o futuro.

Mas depressa se dissipam, pois eu não sei o que significa “futuro”. Para quê, preocupar-me com o que não existe? Penso no dia de hoje e agradeço a saúde, a paz, as capacidades que ainda tenho, e o amanhã será o que tiver de ser, se houver amanhã!

Afinal, há tantos idosos como eu, hoje, a sofrer. Uns, porque não têm o carinho de ninguém, outros, porque estão sós no meio da multidão, e ainda há, os que perderam a razão e já não sabem onde estão.

As notícias constantes que nos chegam sobre a dor, a morte, a destruição do trabalho conseguido durante uma vida, embora distante de nós, cortam-nos a respiração, sufocam-nos a alma com a solidariedade que sentimos e o pensamento do que faríamos, se nos víssemos em idêntica situação.

Vellos na guerra

Como reagiríamos, ouvindo o som estridente das bombas assassinas? Como aguentaríamos ver os nossos amigos e familiares perecerem injustamente, sem nada de errado terem feito?

Como suportaríamos saber que os nossos netos eram usados como “balas para canhões”?

Como aceitaríamos não ter luz, aquecimento, água, vendo-nos privados de tudo o que é essencial à sobrevivência?

Tudo isto se passa em diferentes lugares do mundo, e não tão longe de nós, como pensamos.

Sabemos que os mais vulneráveis, os idosos, são os mais atingidos por estas maldades. As crianças, ainda têm os pais para as protegerem. Os idosos vêem-se sozinhos.

Sentimo-nos impotentes para virar as páginas sangrentas da história.

Bendigamos, aqui, a paz, a saúde, a amizade e o amor que desejamos preservar.

Graça Foles Amiguinho

Graça Foles Amiguinho

Colaboradora Portuguesa

“Son Maria de Graça Foles Amiguinho Barros. Vivo en Vila nova de Gaia, pero nascín no Alentejo, nunha aldeia pequena chamada A Flor do Alto Alentejo.

Estudei en Elva. Fiz maxisterio en Portoalegre. Minha vida foi adicada ao ensino durante 32 anos, aos meus alumnos ensineilles a amar as letras, o país, as artes e a cultura. 

Meu começo coa poesia aconteceu de xeito dramático cando partin os dous braços, en 2004 comecei a escribir poesia compulsivamente, en 2005 xa tiña o primero libro editado  O meu sentir…”

A guerra do pao

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