Desconfinamento desconfiado

Este artigo foi publicado o 7 de abril 2021 no portal de información portugués ELVASNEWS, centrado na rexión do Alto Alentejo.

Em todo o mundo, cada um, à sua maneira, se sente deprimido e triste com o isolamento que é obrigado a cumprir, por motivos óbvios e indiscutíveis.

A ansiedade tomou conta das sociedades, a todos os níveis. São pobres e ricos que sentem na pele, as consequências desastrosas de uma epidemia que, por mais que se tente mitigar, teima  continuar a destruir a humanidade.

De onde veio este vírus?

Pergunta pertinente, mas que se mantém, sem resposta.

Como pode ser debelado?

Tantas incertezas, tantas vontades unidas, talvez até, tantos interesses, políticos e comerciais, tantos cientistas envolvidos, mas ninguém nos pode garantir nada.

Damos um passo em frente, para em breve, serem dados dois para trás.

O tempo continua correndo, naturalmente, o sol brilha e ilumina a terra, a natureza, aqui ou além, enfurece-se e destrói, mata, aflige o homem.

Apenas uma verdade domina o nosso pensamento, a triste realidade de que, em nada e ninguém, poderemos confiar.

A desconfiança anda de mãos dadas com o desconfinamento que nos oferecem, cautelosamente, porque, prever o futuro, não é dom humano.

A obrigatoriedade de ficar em casa, ficar em casa, isolar-se, isolar-se, soa nas nossas cabeças como se estivéssemos jogando na “roleta russa”.

 Ao mínimo descuido, a morte bate-nos à porta, dominadora, poderosa, impiedosa, sem estarmos preparados para a receber.

Ficamos dominados pelo medo de nos aproximarmos de alguém, e esse alguém, igualmente, tem medo de nós.

Até quando, viveremos nesta ansiedade e incerteza?

Quem nos irá, alguma vez, compensar do tempo perdido?

Quem assumirá, porventura, que tem culpas em toda esta dolorosa situação, que se vive, em todos os cantos da Terra?

Normalmente, não me dominam pensamentos negativos, mas, com toda a sinceridade, nesta fase que vivemos, mesmo não querendo entrar em desânimo, nem induzindo ninguém a seguir esse caminho, penso que tenho obrigação moral de não ficar metida nesta bolha que criei à minha volta, e solidarizar-me com quem é mais frágil e vulnerável.

Tenho conhecimento de pessoas que foram infetadas pelo Covid, como eu, mas não estão bem, como eu estou. Sentem reações no corpo, muito preocupantes, sequelas desconhecidas que ninguém sabe ainda, como tratá-las.

Outros, infelizmente, sabemos que, mesmo tendo sido já vacinados, não ficaram imunes ao vírus, e ainda outros, que, com a vacina, encontraram a morte.

Não bastando a doença, a par de tudo isto, temos uma gigantesca multidão de desempregados, sem a mínima esperança de voltarem ao trabalho.

Como poderá sobreviver, a humanidade, no meio de um caos que se instalou e persiste ficar, sem um fim à vista?

Como reagem os jovens, que voltaram às escolas?

Como convivem com os seus colegas?

Qual a melhor atitude dos professores, perante os seus alunos?

Aguardemos uns dias, com esperança de que não haja um retrocesso e a saúde não volte a ser o maior motivo de preocupação, novamente.

Teremos, efetivamente, que fazer um “desconfinamento”, com alguma precaução e “desconfiança”.

Lembremo-nos do ditado popular: “homem prevenido, vale por dois”!

Graça Foles Amiguinho

Graça Foles Amiguinho

Colaboradora

“Son Maria de Graça Foles Amiguinho Barros. Vivo en Vila nova de Gaia, pero nascín no Alentejo, nunha aldeia pequena chamada A Flor do Alto Alentejo.

Estudei en Elva. Fiz maxisterio en Portoalegre. Minha vida foi adicada ao ensino durante 32 anos, aos meus alumnos ensineilles a amar as letras, o país, as artes e a cultura. 

Meu começo coa poesia aconteceu de xeito dramático cando partin os dous braços, en 2004 comecei a escribir poesia compulsivamente, en 2005 xa tiña o primero libro editado  O meu sentir…”

Foram días, foram anos

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