Poema Guardo en mim a tua primavera
António Silva
Janeiro de 2023
Foto/Pinterest
O barranco corre lentamente
Assim como lentamente vai correndo o tempo
E mora sem endereço certo
Numa colina onde se avista o mar
Mas fez morada na minha inlucidês,
E de dentro de mim nascem memórias
Porque tenho guardadas histórias
Que nunca chegarei a escrever,
A minha memória
É como a corrente que vai desaguar
Entre a loucura do tempo
Porque a vida tem várias faces
E na contradição entre os silêncios
Pego em tuas mãos onde o sonho começou
Abro a porta que nunca chegou a fechar
Guardarei palavras que nunca irei pronunciar,
E neste palco que é a vida
Vou ouvindo os últimos aplausos
Viajando ao passado onde moram as saudades
E onde gotas de orvalho regam
As graciosas pétalas acetinadas
Dos lírios brancos
Num canto solarengo
De um canteiro de terra por semear,
Subo as escadas que me levam para lá do horizonte
Libélulas coloridas voam sobre os beirais do tempo
E os lírios brancos com gotas de orvalho
Passam entre os teus dedos cobertos de maresia
E na pequena aldeia, aves resgatam os céus
E eu resgato o meu passado
Ao visitar a minha memória
Nesta ausência que me embala
Onde bebo das flores o mel
E escrevo meus versos sem rima e sem a seiva
Da juventude que foi passageira,
Foste tão breve como o mês de Maio
Porque quando o sol queima
As débeis flores morrem no auge da sua beleza
E nesta solidão que me seduz
Trago dentro de mim
O cheiro do rosmaninho
Que cresce entre os valados em liberdade
E guardo em mim a tua Primavera,
Ai quem me dera
Colher flores ao pôr do sol
E embriaga-me do teu perfume
Abraçando-te para sempre,
E o barranco corre lentamente
Assim como lentamente vai correndo o tempo.
António Silva
Poeta
Eu me chamo António Silva. Sou português e da província do Baixo Alentejo. Gosto muito de pintar e escrever poesia.
Meus poemas são pequenas pinturas coloridas. Cada tela que pinto é um poema colorido. E meus poemas são pinturas que retratam pedaços da minha vida. Recordações de infância que ficaram gravadas em meu coração. Eu gosto de colorir a vida com meus poemas e minhas pinturas. Assim a vida é mais fácil e mais bonita. Pinto e escrevo, como se ainda eu fosse uma criança.
Pois por dentro, eu não mudei, sou uma criança que tem um corpo de adulto.
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