Nos dias que correm acelerados e recheados de acontecimentos que nos deixam completamente desiludidos, porque a sociedade que sonhámos há 50 anos corre sérios riscos de ser ameaçada, mil e um pensamentos me invadem e não estarei sozinha nesta inquietação, certamente.
Os populismos pulam e crescem, a olhos vistos, apoiados às escondidas por quem teria o dever de educar a juventude para saber viver numa Democracia e compreender as diferenças abismais entre viver em Liberdade e viver subjugado pelo medo e pela perseguição, quando não estamos de acordo e defendemos outros ideais para a nossa sociedade e que gostaríamos de deixar às gerações vindouras.
O que se está passando em vários países da velha Europa não nos incentiva a esperar tempos de paz e progresso, muito menos de respeito pelo nosso semelhante, seja qual for a sua origem, a sua raça ou religião.
O abismo é cada dia mais assustador. A indecisão e a demora na tomada de posições poderão conduzir-nos para situações sem retorno e de verdadeiro desastre humanitário.
A guerra na Ucrânia não tem um fim previsível. A guerra no Médio Oriente é de bradar aos céus. Mortes em catadupa, destruição apocalítica, fome, miséria e tristeza estão presentes nas nossas vidas, tornando os dias mais sombrios.
E Portugal? O que esperam os portugueses? Para onde nos conduzem os políticos, cada um senhor das suas opiniões, sem terem noção do perigo que espreita e se quer instalar?
Serão os resultados eleitorais dos Açores um presságio do que acontecerá dia 10 de março, no Continente?
Ou serão ainda um retrato mais evidente do crescimento da extrema direita, apostada fortemente em promessas vãs e arrastando consigo os velhos do Restelo, os jovens irreverentes e até os nascidos após 1974 que não se aperceberam do sofrimento dos seus antepassados, porque a Democracia lhes permitiu serem criados em berços de ouro?
São preocupações que dominam o pensamento dos mais velhos e sempre defensores das Liberdades reconquistadas no Dia 25 de Abril de 1974.
Qual a razão do título que dei a esta minha crónica?
Sempre ouvi dizer que, muitas vezes, em certos momentos da vida, temos de “fazer das tripas, coração”, quer dizer, arrumar numa gaveta os nossos desejos mais profundos, as nossas convicções, para ultrapassarmos barreiras e não perdermos o domínio da situação, evitando correr riscos maiores e irremediáveis, associando-nos ao maior inimigo para o controlarmos “de perto”!
Talvez seja uma loucura, o meu pensamento! Talvez uma utopia! Talvez seja mesmo, irracional!
A história de vida ensina-nos que ser intransigente e inflexível não são as melhores opções para conseguirmos alcançar o sucesso desejado e realizar o que consideramos importante.
O maior Partido Político Português, PS, dificilmente voltará a conseguir uma maioria absoluta. Os casos ocorridos nos últimos anos, a forma como os governantes tomaram decisões e cometeram erros, deixaram marcas que o tempo não apagou e os inimigos usam como arma de arremesso.
No meu ignorante entender, apenas há uma forma de combater o crescimento da extrema direita: juntar-se a ela para a controlar por dentro e a ofuscar, tirando-lhe o protagonismo que tem tido nos últimos anos e que lhe tem permitido um crescimento que muito preocupa os verdadeiros democratas.
Claro que uma atitude destas poderia acarretar a desilusão e o descrédito, sobretudo daqueles que estão arreigados ao passado e acreditam demasiado na confiança que o povo português ainda deposita em que nos governou nos últimos oito anos.
Se eu tivesse força e capacidade para fazer entender o meu pensamento, talvez conseguíssemos alcançar tempos menos turbulentos.
Veremos qual será o destino de Portugal e como serão celebrados os 50 anos da nossa Democracia!
Graça Foles Amiguinho
Colaboradora Portuguesa
“Son Maria de Graça Foles Amiguinho Barros. Vivo en Vila nova de Gaia, pero nascín no Alentejo, nunha aldeia pequena chamada A Flor do Alto Alentejo.
Estudei en Elva. Fiz maxisterio en Portoalegre. Minha vida foi adicada ao ensino durante 32 anos, aos meus alumnos ensineilles a amar as letras, o país, as artes e a cultura.
Meu começo coa poesia aconteceu de xeito dramático cando partin os dous braços, en 2004 comecei a escribir poesia compulsivamente, en 2005 xa tiña o primero libro editado O meu sentir…”
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