Poema
Regresso a casa porque o tempo se faz tarde
António Silva
Maio de 2024
Foto/Pinterest
Num papel da cor da cal
Das casas da minha aldeia
Que ficam longe como o tempo
Fui fazendo rabiscos com um lápis da cor do mar
E com a saudade do sabor das amoras
Regresso a casa porque o tempo se faz tarde,
Morei dentro da minha saudade
Numa terra de gente sem esperança
Entre os socalcos dos silêncios
Enquanto a primavera não chegava,
E eu guardei a sete chaves
As palavras que alguém me escreveu
Num envelope descolorido
Quando as oliveiras perderam o candeio,
Das minhas mãos fugiram os sonhos
E eu rumei a casa no comboio da noite
Na estação apenas o silêncio me esperava,
E caminhei pela minha rua devagar
Regresso a casa porque o tempo se faz tarde,
Caem no chão folhas mortas amarelas
Que eu vou pisando
Porque é o chegado o Outono
E um sol da cor do mel
Numa aguarela que Deus pintou
Eu vou guardando no meu peito a saudade,
E vou caminhando devagar
Na lembrança uma toalha engomada sobre a mesa
Com rosas amarelas numa jarra
Lembranças de uma despedida,
Uma saudade que estava escondida
E que no meu peito agora arde
Sei que já estão à minha espera
Os braços da minha mãe
E regresso a casa porque o tempo se faz tarde.

António Silva
Poeta
Eu me chamo António Silva. Sou português e da província do Baixo Alentejo. Gosto muito de pintar e escrever poesia.
Meus poemas são pequenas pinturas coloridas. Cada tela que pinto é um poema colorido. E meus poemas são pinturas que retratam pedaços da minha vida. Recordações de infância que ficaram gravadas em meu coração. Eu gosto de colorir a vida com meus poemas e minhas pinturas. Assim a vida é mais fácil e mais bonita. Pinto e escrevo, como se ainda eu fosse uma criança.
Pois por dentro, eu não mudei, sou uma criança que tem um corpo de adulto.
Comi meu pão de côdea já dura
Nunca me despedí de ti
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