No meu jardim
Tenho uma roseira
Com uma rosa amarela singela
Bem guardada,
É um velho tronco nodoso
Dá para sentir sua idade
Fica num canteiro do meu jardim interior,
Com o passar do anoitecer
De sua vida de flor
Apenas me presenteia com um botão de cada vez
Um botão de rosa singela amarela
Que fica mesmo junto à minha janela,
Este ano seu botão dourado atrasou no tempo
Olho para seu tronco retorcido
Envelhecido
E recordo a primeira rosa que colhi
Foi para a minha amada,
E ao longo dos anos
Os lindos botões de rosa perfumados
Uns ficavam na linda roseira
E outros, numa velha jarra de cristal
Era a minha roseira
Passou a ser a nossa roseira,
Mas as roseiras não são eternas
Também tem o seu fim
E a última vez que floriu
Foi a sua despedida,
Mas essa última rosa
Tinha neste último botão
Um perfume
Que ficaria para sempre nas memórias do meu coração,
A rosa se desfolhou num lindo dia de sol
Guardei suas pétalas na minha velha Bíblia,
E o tronco sem vida
Eu delicadamente o tirei da terra,
Para que quando chegasse o frio do inverno
Serviria para manter a fogueira acesa,
E numa noite fria de invernia
Quando a chuva era forte e fria
E o vento na chaminé
Fazia o fumo rodopiar pela casa,
Sentimos os toques finais do perfume da velha roseira
A quem tivemos de dizer adeus
Como diz o poema:
“E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada…”
E a roseira de tronco retorcido e generosa
Depois de me oferecer tanta rosa amarela
Hoje ela é apenas, pó cinza e nada,
Mas deixou em meu coração
Uma linda recordação
De uma rosa singela, amarela
E perfumada.
António Silva
Março de 2022

António Silva
Poeta
Eu me chamo António Silva. Sou português e da província do Baixo Alentejo. Gosto muito de pintar e escrever poesia.
Meus poemas são pequenas pinturas coloridas. Cada tela que pinto é um poema colorido. E meus poemas são pinturas que retratam pedaços da minha vida. Recordações de infância que ficaram gravadas em meu coração. Eu gosto de colorir a vida com meus poemas e minhas pinturas. Assim a vida é mais fácil e mais bonita. Pinto e escrevo, como se ainda eu fosse uma criança.
Pois por dentro, eu não mudei, sou uma criança que tem um corpo de adulto.
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