Era uma casa cheia de sonhos
Vidas por ali passaram
E também sonharam
Porque tinham o direito a sonhar,
Mas o tempo segue seu curso exoneravelmente
Sem dó nem piedade
Mas a resistência do velho guerreiro
Fazia frente ao tempo
Mas os anos lentamente iam ganhando
E cobrando juros
Sem nada perdoar,
Era uma casa cheia de sonhos e lembranças
Fotografias antigas
Penduradas na velha parede
Já carcomida pelas várias intempéries
Deixavam ali o rasto
Daqueles que por ali tinham passado
E sonhado
Com a eterna felicidade,
A velha porta já despintada
Por verdes da cor da esperança
De frente a uma lareira com histórias
Mas agora já apagadas
Outrora, o centro da vida da velha casa,
O velho senhor de porte imponente
A quem os anos não lhe tiraram o verde sonhador
Daqueles olhos
Que fizeram as moças namoradeiras sonhar,
Mas o tempo quase tudo tira
E quase tudo leva embora
Numa qualquer hora
Apenas deixando as recordações,
E nas sombras difusas do passado
Tudo ficou gravado
Nas paredes daquela velha casa
Que teima em ficar de pé
E atravessar os anos,
Porque o velho homem de porte imponente
Continua a sonhar
E se recusa a deixar
O seu passado morrer,
Até que numa manhã outonal
Na rua o céu chorando lentamente
Num tempo onde terminou o dia
Porque uma vida deixou apenas um rasto
Os sonhos morreram
E a velha casa ficou agora sozinha e vazia.
António Silva
Setembro de 2022

António Silva
Poeta
Eu me chamo António Silva. Sou português e da província do Baixo Alentejo. Gosto muito de pintar e escrever poesia.
Meus poemas são pequenas pinturas coloridas. Cada tela que pinto é um poema colorido. E meus poemas são pinturas que retratam pedaços da minha vida. Recordações de infância que ficaram gravadas em meu coração. Eu gosto de colorir a vida com meus poemas e minhas pinturas. Assim a vida é mais fácil e mais bonita. Pinto e escrevo, como se ainda eu fosse uma criança.
Pois por dentro, eu não mudei, sou uma criança que tem um corpo de adulto.
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