Numa antiga cadeira de baloiço
Eu adormecia ao som das gotas de chuva
Ouvindo da lareira o crepitar
Como se fosse o som do cantar
Da história
Em momentos dissecados nas minhas recordações,
E sobre as telhas de barro antigo
Onde as goteiras teimavam em cair
Esta velha canção
Me adormecia
Enquanto eu ia contando as pingos de chuva
Que escorriam pelos vidros da janela
Sem cortinas,
A casa em cada pequeno objeto
Contava-me histórias
Que o tempo tinha guardado para si,
O ranger da madeira
Sob os meus pequenos pés de criança
E o perfume da lareira
Onde os troncos de madeira de azinho
Se transformavam em brasas incandescentes
E aqueciam a minha noite
Enquanto eu adormecia no colo do tempo,
Se eu contasse os minutos
Quando o relógio batia as horas
O mundo iria parar
E o tempo seria algo do passado
Apenas haveria o presente,
Enquanto eu olhava atentamente
Para os retratos
Que adornavam a parede
A noite crescia mais um pouco,
E ainda hoje a saudade bate à porta devagar
Abro lentamente e a deixo entrar
Porque fiquei recluso
Da casa que contava histórias.
António Silva
Março de 2023
Foto/Pinterest
António Silva
Poeta
Eu me chamo António Silva. Sou português e da província do Baixo Alentejo. Gosto muito de pintar e escrever poesia.
Meus poemas são pequenas pinturas coloridas. Cada tela que pinto é um poema colorido. E meus poemas são pinturas que retratam pedaços da minha vida. Recordações de infância que ficaram gravadas em meu coração. Eu gosto de colorir a vida com meus poemas e minhas pinturas. Assim a vida é mais fácil e mais bonita. Pinto e escrevo, como se ainda eu fosse uma criança.
Pois por dentro, eu não mudei, sou uma criança que tem um corpo de adulto.
A primavera veio para ficar
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