Uma noite de Janeiro
Declinava o dia
A lareira acesa
Denunciava o frio de Janeiro,
E pelas frestas da casa de madeira
A luz do candeeiro a petróleo
Fazia as sombras aumentarem
Na parede da casa branca
E o silêncio toma conta da minha rua,
O ferro de engomar
Ainda tinhas as brasas acessas
Depois de engomar as calças de sarja
Remendadas e já gastas pelo uso,
O relógio da torre adormecia
Do cansaço do dia
E a lua já espreitava
Sobre a sombra dos miósporos,
A noite fria de Janeiro
Trazia consigo uma antiga lembrança
E eu escrevia
Palavras do avesso
Num poema de criança
Porque eu me debruçada
Sobre a janela da vida,
Ao longe ouvia o som do mar
E seu convite para visitar as marés
E senti o sabor da maresia,
Mas a voz da noite
Continuava a chamar por mim
E eu me abandonava
Ao som do crepitar da lareira
Observando os vultos que a luz fazia
Na parede da casa branca
E na rua, o frio de Janeiro.
António Silva
Dezembro de 2021

António Silva
Poeta
Eu me chamo António Silva. Sou português e da província do Baixo Alentejo. Gosto muito de pintar e escrever poesia.
Meus poemas são pequenas pinturas coloridas. Cada tela que pinto é um poema colorido. E meus poemas são pinturas que retratam pedaços da minha vida. Recordações de infância que ficaram gravadas em meu coração. Eu gosto de colorir a vida com meus poemas e minhas pinturas. Assim a vida é mais fácil e mais bonita. Pinto e escrevo, como se ainda eu fosse uma criança.
Pois por dentro, eu não mudei, sou uma criança que tem um corpo de adulto.
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