A solidão e as suas consequências não são, apenas, um fenómeno dos tempos que vivemos.

A solidão existe em todo o ser humano, desde sempre.

A solidão é o encontro com a profundidade do pensamento, e nem sempre é um mal.

Mas a natureza impele-nos a unir a nossa vida, a outras vidas. O sentimento gregário enriquece a nossa existência.

A humanidade só se sentirá feliz, se as mentes se abrirem, sem preconceitos, e partilharem os seus sonhos, os seus medos, as suas ansiedades e até as suas fraquezas.

Quando criamos barreiras, quando abrimos fossos profundos, a frustração condena-nos ao isolamento e à solidão.

Não são os outros que nos empurram para esse caminho de tristeza, somos nós, que o fazemos, porque não sabemos aceitar os outros, não os queremos entender, não temos coragem de os abraçar e lhes dizer, quanto precisamos deles.

Quanto mais nos embrenhamos num mundo individualista, egocêntrico, mais infelizes seremos, mais fracos nos sentiremos, menos capazes ficaremos para podermos mostrar o que temos para dar.

Entrar nesse labirinto da insatisfação, no isolamento social, na privação da partilha de momentos bons ou maus, pode não nos trazer qualquer felicidade.

 A mente humana é de uma riqueza imensa, difícil de descrever por alguém, como eu, sem conhecimento científico.

Porém, na minha ignorância, tento encontrar explicação não só para as minhas reações, mas também para situações que me preocupam e que têm impacto na vida social.

Muito se tem falado do isolamento dos jovens e dos idosos, nestes dois anos de pandemia, e ainda não há estudos que nos permitam avaliar a dimensão dessas consequências.

Se para muitos de nós foi um tempo de criatividade, um apertar de laços familiares, porque as saídas de casa ficaram limitadas, para outros foi um desastre, um procurar de alternativas em campos altamente perigosos, por serem silenciosos, por serem desconhecidos.

Quando me refiro a alternativas silenciosas, direciono o meu pensamento para as redes sociais, que têm tanto de bom, como de muito mau.

covid

Infelizmente, disso temos conhecimento, embora sem ainda sabermos concretamente, o que induz um jovem inteligente, mas insatisfeito, a querer matar os seus colegas.

Preconceitos, solidão, tristeza, frustrações ou doença mental?

Seja qual for a causa de tais pensamentos, é muito triste para uma família, ver-se nas bocas do mundo, pelas piores razões.

Quantas interrogações sem resposta, quantas dúvidas sobre a forma como educaram esse filho?

Nenhum de nós gostaria de estar nessa situação. Essa família merece todo o respeito e apoio psicológico.

Há quem resolva a sua fragilidade mental, optando pela sua própria destruição. Uma dor sem medida. Mas querer levar consigo, inocentes, é, na verdade, uma decisão muito dramática.

Que os serviços de saúde mental possam ajudar quem tenha a coragem de pedir ajuda.

Infelizmente, nem sempre o conseguem fazer, porque o alerta não chega, atempadamente.

Libertemo-nos do isolamento, fechemos as portas à solidão e tenhamos ideais nobres, saudáveis, revestidos de esperança, que invadam as nossas mentes, sejam elas jovens ou idosas.

Graça Foles Amiguinho

Graça Foles Amiguinho

Colaboradora Portuguesa

“Son Maria de Graça Foles Amiguinho Barros. Vivo en Vila nova de Gaia, pero nascín no Alentejo, nunha aldeia pequena chamada A Flor do Alto Alentejo.

Estudei en Elva. Fiz maxisterio en Portoalegre. Minha vida foi adicada ao ensino durante 32 anos, aos meus alumnos ensineilles a amar as letras, o país, as artes e a cultura. 

Meu começo coa poesia aconteceu de xeito dramático cando partin os dous braços, en 2004 comecei a escribir poesia compulsivamente, en 2005 xa tiña o primero libro editado  O meu sentir…”

Un virus sem fronteiras

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